Lançado em 1949, continua assustador e atual. É provavelmente a distopia mais famosa da literatura, tendo muitas de suas ideias incorporadas a cultura popular. O plot é bem conhecido: num estado futurista totalitário, onde o governo observa cada passo dos cidadãos, Winston Smith resolve se rebelar e ir contra as diretrizes do Big Brother (lider supremo do Partido), assumindo um comportamento que pode levá-lo a morte.
O exemplo mais óbvio da inspiração Orwelliana foi certamente a União Soviética Stalinista (Big Brother = Stalin, Goldstein = Trotsky), tendo sido a obra, desde então, "adotada" por parte da direita como um exemplo dos males de uma sociedade comunista. É uma interpretação válida, porém limitadora. 1984 na verdade diz respeito a qualquer estado totalitário, fala sobre autoritarismo puro e simples, que conforme a história nos ensinou, pode vir das mais diversas vertentes políticas.
O livro não apenas continua atual, como ainda é capaz de acionar gatilhos perturbadores a ponto de inviabilizá-lo aos mais sensíveis. Então fica o aviso de que há descrição de tortura física e mental, além crueldades diversas. Não chega a ser uma leitura difícil, apenas pesada e de elevado teor político.
Agora, o que sustenta o status icônico de 1984, o que o leva a atravessar décadas mantendo a popularidade, é seu caráter visionário. É simplesmente impressionante como ele hoje, 2022, é mais atual do que jamais foi. Você pode criar vários paralelos entre o conteúdo aqui presente e o cotidiano recente: celulares/redes sociais como teletela; relativismo como duplipensamento; revisionismo histórico como Ministério da Verdade; fake news como 2+2=5, e por aí vai.
Por suas qualidades puramente literárias, sólidas 4 estrelas seria a avaliação justa pra obra, acontece que 1984 vai muito além de páginas escritas, é uma força da cultura pop, um farol incansável na missão de alertar o prejuízo que a opressão estatal pode nos causar.
5 estrelas